Provavelmente, você já ouviu falar a respeito de algum animal marinho, tipo água-viva que possui a maravilhosa capacidade de brilhar, literalmente. E também, provavelmente, você já ouviu falar de uma coisa chamada engenharia genética (biotecnologia), não?!
Bem, e mais recentemente, você deve ter escutado alguns rumores a respeito de porquinhos, camundongos, gatinhos, cachorrinhos e até macaquinhos que podem brilhar. Sim...mas como assim, animais que brilham???
Vamos associar as coisas - a engenharia genética nos dá a possibilidade de criar alguns organismos modificados, logo, insere-se o gene responsável pela produção da proteína com capacidade de fluorescência das águas-vivas em outro tipo animal e pronto, temos animais que também podem brilhar.
O quê é?
O fator responsável pela fluorescência nestes modelos animais, e alguns bacterianos, os quais não foram supracitados, é uma proteína denominada GFP (Green Fluorescent Protein). Esta proteína é encontrada em uma espécie de água-viva a Aequorea victoria.
A GFP por si só, não brilha, o mecanismo que ocorre (na água-viva), é que quando uma proteína chamada aquorin interage com o íon Ca2+, esta emiti uma luz azul a qual é absorvida pela GFP que “de tabela”, brilha.
Em animais transgênicos, para que o fator de fluorescência ocorra, é necessário inserir o gene da GFP com o gene de uma proteína de interesse, assim, quando a proteína for sintetizada, a GFP também será, e quando expostos à luz ultravioleta, voìla, eles brilham.
Mas qual o motivo?
A partir dessa maravilhosa descoberta, os cientistas obtiveram a capacidade de analisar processos de desenvolvimento celular, propagação do câncer, quando proteínas são feitas e para onde elas se destinam. Isso tudo não se resume apenas a uma mera brincadeira de criação de organismos “bonitinhos”, mas sim, mais uma ferramenta de grande utilidade para a ciência.
Abrindo parênteses rapidamente: a mídia tem veiculado uma grande gama de informações a respeito das GFPs , contudo, o que cabe a mente do leitor leigo é mais a atração ou aversão (rs), em relação aos animais que têm a capacidade de emitir “seu brilho” quando expostos à luz ultravioleta, e isso tem gerado ações de ativistas contra a bela e maravilhosa ciência.
Nobel Prize
Não é para menos que, os principais estudiosos dessa proteína (Osamu Shinomura, Martin Chalfie e Roger Tsien) tenham sido contemplados com 8 milhões de coroas suecas na área da química e um enorme prestígio em ganhar este prêmio tão sonhado por centenas, senão milhares de cientistas ao redor do mundo no ano passado (2008).
Caros amigos e leitores, em síntese: quero ganhar o prêmio Nobel com uma descoberta revolucionária; quero que ativistas se informem mais antes de abrirem suas boquinhas; e por fim, quero um macaquinho fluorescente para brincar na minha sala com luz UV aos finais de semana, quando estiver ausente do lab e da facul.
Abraços a todos.
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